Seminário 10

A Angústia

A angústia, nos dirá a clinica desde Freud e Lacan, está no cerne do movimento diário do analista. É ela que promove a fluição da associação livre no trabalho de transferência. Ela é propulsora, motor do tratamento, também nos servindo de guia. Mas há, também uma dimensão de risco que se apresenta no tratamento, a saber, os atos postos no lugar da fala. O sujeito que procura o tratamento por causa da angústia, presença irredutivel do Real, se defenderá dela com os recursos que tem: acting-out, passagem ao ato, inibições, compulsões, reações depressivas e até ruptura do processo analítico.

Lacan, partindo de Freud, parece elaborar algo fundamental para a clínica e seu manejo: a existência de uma relação visceral entre a angústia e o desejo do Outro. O que a constitui? Ele nos diz que se pôde abordar o inconsciente pelos textos que atestavam a tese do “inconsciente estruturado como linguagem”, portanto pela via do significante, abordaria a angústia pelo campo do unheimlich. Algo rompe, fura a rede significante na qual o sujeito se sustenta, aparecendo algo estranho-familiar. O objeto a não especularizável e refratário a qualquer representabilidade.

Quando algo surge no lugar da castração imaginária, isso parece provocar angústia, como diz Lacan, lá onde a falta falta. Ela não é sem objeto. Assim, frente à clínica, sempre contemporânea, como não poderia deixar de ser, a angústia, seu manejo e as manifestações em atos cada vez mais presentes no mundo – como, por exemplo, o último ato de um sujeito, o suicídio – me parecem bastante relevantes. A proposta é fazer avançar a clínica a partir da consideração especifica do tema da angústia.

Dia quartas-feiras - semanal
Horário 20h00 às 21:30
Início para o segundo semestre 08 de agosto 2018
Local Sede da Clínica Freudiana
Coordenação Shnaider Alves Santos